quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Sexo rosa-choque


Prazer no feminino
As mulheres tomaram as rédeas do sexo. De passivas passaram a activas na busca pelo prazer e as sexshops estão decididas a tirar partido do entusiasmo destas clientes.
Paula Cosme Pinto e Cátia Mateus (texto) António Pedro Ferreira (fotos)
15:30 Sábado, 16 de Fev de 2008

Vânia Beliz, sexóloga, é também assessora da Maleta Vermelha
Nove da noite. Num apartamento lisboeta, cinco mulheres aguardam a chegada de uma mala vermelha. Maria, a anfitriã, de trinta e poucos anos, pôs o marido fora de casa por umas horas: a noite é só para elas! Entre "pizza" e coca-cola, dá-se início à versão moderna das lendárias reuniões de "tupperware". As caixinhas são substituídas por produtos eróticos e as dúvidas femininas que costumavam cingir-se à cozinha, entram agora no universo, cada vez mais cor-de-rosa, do sexo.

Óleos de massagem comestíveis, vibradores, algemas e "lingerie" são alguns dos produtos apresentados pelas assessoras da Maleta Vermelha nas reuniões que promovem, mais conhecidas como noites de "tuppersex". O conceito chegou a Portugal em Setembro do ano passado e é simples: "Regra geral, os produtos são produzidos por homens, consumidos por homens, mas utilizados por mulheres. Aqui, os produtos são concebidos por mulheres, adquiridos por mulheres e como são elas que os levam para casa, é lógico que a 'vítima' vá ser o homem."

O "tuppersex" é apenas uma das vertentes desta revolução "rosa choque" que a indústria do sexo atravessa. Em Portugal, as mulheres ainda têm pudor em entrar numa "sexshop". No entanto, estão cada vez mais decididas em não deixar a sua satisfação sexual nas mãos deles. Se, em 1990, quando abriu a primeira loja lúdica em Lisboa, as mulheres viravam a cara ao passar pela montra, agora são elas quem mais entra no estabelecimento, e desinibidamente chamam os artigos pelo nome. Os comerciantes do ramo parecem já ter percebido o potencial do novo nicho de mercado e estão a adequar a sua oferta a este público exigente.

Nas reuniões de "tuppersexo" há artigos para todos os gostos
Vânia Beliz e Alexandra Leal, assessoras da Maleta Vermelha, garantem que o negócio não tem idades, segmentos sociais ou estado civil, uma vez que são procuradas por todo o tipo de mulheres. Contudo, "curiosamente as mais velhas estão mais abertas ao conceito". Ambas a rondar os 30, as assessoras não negam que nas gerações mais jovens o pensamento dominante é: "Somos novas para que é que precisamos de brincadeiras na cama? Vamos guardar isso para quando formos velhas". Primeiro grande erro: "Os artigos foram criados, sobretudo, para incentivar o casal à descoberta e quebrar a falta de intimidade e comunicação. E isso não tem idades".

Maria sabe disso. Mãe há menos de um ano e com uma profissão desgastante na área do "marketing", a anfitriã da noite de "tuppersex" acredita que "independentemente da idade, todos os casais acabam um dia por acusar a rotina e este tipo de produtos pode ajudar a fazer algo diferente e suscitar o desejo". E não tem dúvidas que "as mulheres estão hoje muito mais à vontade com o sexo e conscientes do seu papel activo na sexualidade do casal". A verdade é que raramente uma mulher sai de uma reunião sem levar um produto, até porque os preços não excedem os 54 euros.

"Ah pois é, bebé!"
O momento mais aguardado destas noites é a chegada do mítico massajador corporal, vulgo vibrador. "Todas as mulheres vão ter um na mão, mexer nele, sentir o tacto e as diferenças de intensidade", explica Vânia. Encarados pelos homens como "concorrência desleal", estes objectos estão cada vez mais adaptados às necessidades da mulher moderna e acompanham o desenvolvimento tecnológico. Há de todos os tamanhos, cores e texturas. Há aquáticos ou em forma de "baton" para discretamente transportar na mala. Há os que rodam e os que, ligados ao iPod, vibram ao ritmo da música. Para os companheiros mais assustados, as assessoras garantem: "Não queremos substituir os homens".

As reuniões da Maleta acontecem em todo o país, mediante marcação, e mais do que uma vertente comercial, têm um importante efeito pedagógico. Também sexóloga, Vânia acredita que falar abertamente sobre estas questões ajuda as mulheres a perceberem que as suas dúvidas são comuns e que por vezes basta uma pequena brincadeira mais picante para romper a rotina e salvar uma relação.

Sem papas na língua, Vânia e Alexandra distribuem durante duas horas conselhos e dicas. Dos preliminares ao orgasmo, passando pelo poder das algemas e do chocolate derretido, até aos telefonemas eróticos e jogos com vibradores telecomandados, a criatividade não tem limites. Fica a única advertência: "O lubrificante é o melhor amigo da mulher e deve estar na mesinha de cabeceira, junto às aspirinas". in Expresso

Pomporismo

Reportagem Sic donas de casa desinibidas