sexta-feira, 5 de março de 2010

Vaginismo provoca dor e falta de desejo

"...Não se sabe ao certo quantas mulheres sofrem de disfunção sexual em Portugal. Os estudos que são feitos têm todos muito mérito, mas também valores muito díspares..."

Nem todas as mulheres têm desejo, excitação, prazer na penetração e orgasmos. Sofrem de vaginismo. Mas, por vergonha, desconhecimento ou outros factores de ordem social ou psicológica demoram por vezes, anos a pedir ajuda.As causas podem ir dos traumas psicológicos mais complicados ao simples uso da pílula.

Pôr um tampão ou fazer um exame ginecológico pode ser uma 'tortura' para mulheres que sofrem de vaginismo. Embora não seja a mais comum, a contracção involuntária dos músculos da vagina pertence ao leque de disfunções sexuais femininas que levam mulheres de todas as idades e orientações sexuais a procurar ajuda. Na maioria dos casos, ao fim de anos sofrimento em segredo.

O caminho a seguir é o de procurar ajuda junto de um ginecologista e psicólogo. “Estas mulheres não são ‘anormais’, apenas é necessário identificar o problema e depois seguir a terapia prescrita”, referem os especialistas.

Poderão ter sido vítimas de abuso sexual o que a leva, por exemplo, a associar a dor ao momento da penetração. Para isso existem técnicas de relaxamento para controlar a ansiedade. Se forem feitas com a ajuda do companheiro tanto melhor.

A psicóloga Erika Morbeck explica que “ as mulheres abusadas, violadas ou com primeiras experiências sexuais negativas têm mais probabilidades de desenvolverem dificuldades sexuais".

No entanto, uma educação rígida, religiosa ou com informação deturpada sobre a sexualidade também são origens comuns da disfunção sexual feminina. Nestes casos, a palavra 'culpa' está sempre presente cada vez que, por exemplo, uma jovem tenta ter relações com o namorado. “Chegam a ter vergonha de andar de mão dada com eles na rua”, salienta a psicóloga.

Dados são inconclusivos, mas perturbantes

Não se sabe ao certo quantas mulheres sofrem de disfunção sexual em Portugal. "Os estudos que são feitos têm todos muito mérito, mas também valores muito díspares. Toda a gente mente sobre a sua sexualidade, mesmo em inquéritos anónimos." Contudo, a maioria dos casos que passam tanto pelos consultórios ginecologistas são de desejo sexual hipoactivo - vulgarmente conhecido por falta de desejo - e anorgasmia, não conseguir atingir o orgasmo. Mais do que traumas psicológicos, as causas são muitas vezes orgânicas, relacionadas com coisas tão banais como a gravidez e a menopausa, o uso de alguns medicamentos ou, até mesmo, contraceptivos hormonais.

"Ainda há muito de cultural nisto. Há mulheres que conseguem ter interacção sexual durante anos sem desejo e, por mais chocante que seja, ainda se ouvem frases como 'tenho de fazer o sacrifício senão ele deixa-me’". No entanto, a especialista mantém a esperança de que as gerações mais novas estejam mais dispostas a apoiar as parceiras. "Sem uma boa colaboração do parceiro é difícil ter um progresso tão eficaz e rápido. Os mais novos são óptimos nisso, estão quase sempre disponíveis", salienta Erika Morbeck.

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