sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mentir não é coisa de homens

Muitas mulheres mentem nas perguntas mais pessoais sobre sexo, segundo revela um estudo do Hospital Clínico de Barcelona.

Segundo um estudo do Instituto Clínico de Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia de Barcelona, realizado a mulheres com idades entre os 45 e 65 anos, as mulheres mentem sobre diversos aspectos da sua sexualidade. Por exemplo, a percentagem de mulheres que reconheceu ter parceiros ocasionais ou não convencionais no questionário anónimo foi o dobro das que o admitiram numa consulta com o seu médico.

Para manter a postura e parecer bem – perante uma sociedade que critica a hipersexualidade - ou a falta de confiança no médico, são algumas das barreiras que se acercam das mulheres na hora de falar sobre a sua sexualidade. Nas entrevistas pessoais, apenas 15% referiu que a sexualidade não era muito importante nas suas vidas, em contraste com os 40% que declarou o mesmo no questionário anónimo. Deste modo, quase uma em cada duas mulheres que reconheceu ter menos de uma relação sexual por mês no questionário anónimo, declarou ao seu médico praticar sexo de forma mais frequente.

A investigação foi realizada com a participação de 2.332 mulheres com idades entre 45 e 65 anos, e pretendia determinar o impacto da menopausa nas suas relações sexuais e na sua qualidade de vida na generalidade. Os resultados mostram que algumas características que as mulheres não entendem como inconvenientes para a sua sexualidade são características que se relacionam habitualmente com uma baixa satisfação sexual, como o Índice de Massa Corporal ou a distribuição da gordura. No entanto, outros factores como um nível socioeconómico baixo, estão relacionados com um menor interesse e uma satisfação sexual.

Porque não falamos?
O estudo, muito crítico com os profissionais da medicina, conclui que as barreiras que dificultam a relação médico/paciente no tema da sexualidade são: a falta de confidencialidade (uma vez que qualquer profissional pode aceder às histórias clínicas) e a falta de privacidade, já que existem consultas realizadas em gabinetes separados por paredes muito finas e pelo facto de ser comum a entrada de outros profissionais de saúde durante a consulta e a meio da conversa.

Por vezes são os pacientes que sentem vergonha ou incomodo ao falar da sua sexualidade, mas, em algumas ocasiões, o problema parte de um médico que está preocupado com outros problemas de saúde mais urgentes, ou que não tem a formação suficiente em saúde sexual e terapias para abordar o tema de forma efectiva.

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